Gilles Deleuze
por Enrique Landgrave
... linhas de fuga - devir - imanência - repetição - singularidade - corpo sem órgãos - sentido - plano - multiplicidades - diferença - sensações - arte - máquinas desejantes - intensidades - máquinas de guerra fluxos - rizoma - abecedário - hecceidades - escrileituras - educação - vida - literatura - performance ...

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ausência

grotescas simbologias
redemoinho de palavras
de cores
de traços
de trapos
ambivalência
desterritorialização de sentimentos
confusão
caos niilista
envolvimento sinuoso
fuga do centro
poesia eclética
perfumes
interpretações
criações
subjetividades
transcendências fugazes
voláteis
a vida escorre
na minha ausência


Tânia Marques 28/09/2011

Imagem:
Head VI
1949 (290 Kb); Oil on canvas, 93.2 x 76.5 cm (36 5/8 x 30 1/8 in); Arts Council of Great Britain, London

tempo: imensurável


do jeito que eu olho, a vida vem sem início e sem fim, atravessada pela luz do sol, pela cor das flores e pela escuridão da noite; por um tempo onde o seu limite é a nossa consciência e não um calendário forjado para demarcar datas. desmarquemos o tempo do relógio, desmarquemos todos os instrumentos que indicam medição, inclusive as provas escolares, inclusive a nossa rotina biológica, inclusive o nosso pontual sorriso sem graça. desmarquemos os territórios demarcados, pois tudo é de todos, a vida, o sol, a lua, o amor e o sul. o "norte" que me guia é o sul, viremos os mapas de cabeça para baixo, chega de submissão ao hemisfério de cima. construamos linhas de fuga para a alegria, para a liberdade de ser como somos, nunca esquecendo de lembrar: quem dá as projeções cartográficas do mundo, da vida e do nosso corpo somos nós.

Tânia Marques   15 de setembro de 2011.

Fonte da imagem: 

A ilha

Eu espero horas nesse lugar
Que lugar?
Ainda não sei quanto tempo
Eu posso esperar...
É dia, é noite, é sol, é mar,
Mas ainda é preciso esperar...
Esperar o quê?
O desejo, o sonho, a festa, o sucesso?
Para aonde vai nos levar essa nuvem de progresso?
Esperar, esperar...
Entra chuva, brisa, calor, frio e vento,
E eu continuo a esperar...
Sai arco-íris, neve, tempestade...
Entra e sai até a felicidade, e ainda
Preciso esperar,
Espero, espero, espero,
Passa o céu, o luar, as ondas
E os planetas,
Passa pássaros, estrelas e os cometas,
Mas ainda preciso esperar,
Esperar por quê?
Tem fogueira, conversa, riso, choro,
Sexo e amor,
Mas, e essa espera que não termina?
Ela me acolhe e fascina!
Tem dança, tem crença, tem saúde, tem doença
Tem chão, fogo, rosa e azul,
Tem cultura, e essa espera não tem
Censura!
Espera, espera, espera aí...
Espera garota, espera guri,
Será que alguém me espera?
Toca o sino, toca o hino
Dim, Dom, Dim, Dom
Estalo, barulho, cantoria
E quem escuta a melodia?
Ninguém espera...?
Abre a porta, abre a jenela,
Tem horizonte, tem aquarela,
Tem som, tem batida,
E a vida, ninguém espera?
Sacode, balança, se vira do avesso...
Será que eu não te conheço
Nas andanças, cirandas, nas brincadeiras de
Criança,
Espera, ainda há
Uma última lembrança,
Hum, quem, onde?
Em qual lugar?
E persiste esse tum tum tum
Cantando que eu preciso esperar,
Esperar o quê?
Não sei, talvez alguém
Ainda esteja para chegar!

Elisa Riffel Pacheco

Fonte da imagem: http://fredwiliam.blogspot.com/2011/07/ilha-dos-sentimentos.html
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Plano de composição


Instrumentos seguem planos sonoros
Planos de imanência
Improvisações
Ordenação lado a lado
Clave-de-sol cortando o caos
Sensações
Estilo em dó-ritornelo-maior
Intensidades
Batucadas coloridas
Arte que produz efeitos sinestésicos
Escritartística sem planejamento prévio
Sons que desbravam a alma
Planos que transdançam coloridos
Em um coração pulsante

Tânia Marques 01/09/2011

Fonte da imagem: abrancoalmeida.com

O vazio

- Onde está esse vazio que imprime teorias, gestos e sensações?
- Não sei, você conhece esse vazio, que insiste em se musicar no silêncio?
- E se conheço...? Eu apenas espero, dialogo com o vazio que procura ritmos e batucadas para fazer dançar a sua festa.
- Então, torna verdadeira essa espera, esse silêncio oculto, que ocupa o palco e brinca com a sinfonia do amanhã?
- O que faço eu, senão ecoar para esse vazio, que mexe com minha voz, meu corpo e intensidade. Eu espero ser esse ator que está sempre em busca de movimento e de liberdade.
- Responda-me, e o vazio, porque o vazio?
- Talvez seja este vazio que me desloca para a sensação, para a pintura da imagem.
- Para a arte?
- Talvez na criação, na originalidade de apenas criar uma nova ficção.
- Será que alguém sabe me falar, contar, cantar ou ao menos bocejar onde fica este vazio?
- Espera, apenas aprecie o universo e conte as estrelas.

Elisa Riffel Pacheco
Fonte da imagem: perito.med.br

A viagem

Uma noite
Nessa estrada
Mais uma jornada
Novamente
Abandono minha casa
Carros voam como o vento
Hoje, quase aconteceu
Um atropelamento
Penso na vida
Nos maus e bons momentos
Noite quente, enluarada
Estou exausta, cansada
Dirigindo mais uma vez
Nessa velha estrada
Ao som dos insetos
Reflito:
O que é errado,
O que é certo?
Perco-me em meu pensamento
Escuto buzinas
Meio sonolenta
Imaginei ter visto minha menina
Bela dançarina
Que bailava ao ritmo das cantigas
Coração doce, face serena
Minha grande amiga, minha pequena!
Desperto à luz do farol
Lembranças vão e vêm
Assim como o nascer e o pôr do sol
Continuo na estrada,
Agora, bem acordada
Pensei ter visto um vulto
Grito, levo um susto!
Que piada, não era nada!
Abro o vidro,
Sinto no rosto o vento da madrugada
Contemplo a lua, noite linda
Muito estrelada
De repente,
Estaciono o carro
Paro em uma pousada
Maloca velha, toda quebrada
Não reclamo...
Durmo tranqüila,
Sonhando com minha chegada
Pé no asfalto
Nossa, como é difícil
Dirigir de salto alto
Estou chegando...
Aonde?
Sem destino
Continuo procurando...
O combustível está acabando,
Meu tempo está se cessando
Avisto um posto de gasolina
Enquanto o tanque abastece
Descanso, faço um lanche na cantina
Lentamente, vou me espreguiçando
Desço do carro,
Ascendo um cigarro
Fico fumando
Minha viagem
Está terminando ou
Recém começando?
Continuo meu caminho
Com dores, amores, flores e espinhos
Minha vida é uma eterna charada
Sigo em frente, dou uma leve risada...
Elisa Riffel Pacheco
Fonte da imagem: wcams.com.br

Resenha: Espiritografias de co-criação dialógica

Há um espaço, um suspiro, uma dimensão para se escrever, para cantar, para libertar o imaginar. Um espaço que repete palavras, cores, linhas e sabores, e mistura ingredientes que integram uma mesma massa de diferentes escrileituras.  É desse componente, dessa química, que se descobre diversas formas, trajetos e culturas de ler a vida e o ser humano. Vivemos nesse cotidiano de experimentações, movimentos dialógicos que se transformam em histórias, poesias, e até mesmo em anagramas. Por que não reinventar-se? Quebrar modas e molduras e brincar de compor novas partituras? O que há no céu, no universo, no infinito ou embaixo da cama que poderia mover em si a criação? E essa batucada, des-sinfonia acelerada que cutuca o coração e contamina o corpo, o pensamento, nossa dança, nossa percepção. É essa arte, essa filosofia, que não tem uma definição prévia, nem teoria, pois vem da atuação, da espiritografia que compõe a nossa genética, a nossa poética. Apenas se brinca de contar e ouvir histórias, tangos e boleros. São essas músicas, versos, cenas e composições que dão margem, lugar as transcriações. Apenas escrevo, escrevo devagar, sem pensar, escrevo com improvisação, sem alegorias, sem me intimar. A escrita é esse diálogo, verso, grafia que me faz ir e voltar, que me faz sentir que cada vez que eu pisco os olhos, eu posso ser um personagem, estar em algum tempo, espaço ou lugar.  A espiritografia é essa viagem entre pirâmides, ruínas e cachoeiras, que oportuniza margens, miragens e maneiras para desenhar as pinturas da vida que ainda estão por ser inscritas, ditas ou circunscritas no silêncio. É nesse livro que se encontra o drama, a fantasia que por vezes se esconde nos labirintos, becos e alamedas de um caminho sem cor. E para dar a cor é preciso permitir-se sonhar, encorajar-se ao criativo, ao desconhecido, ao des-território adormecido. 
Elisa Riffel Pacheco

Contos Rizomáticos. Tecnologia do Blogger.
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